terça-feira, 8 de setembro de 2020

Você realmente interpreta o seu personagem?

Ontem eu estava revendo o vídeo acima e comecei a pensar um pouco sobre RPG. É muito comum encontrar questões em grandes comunidades e grupos sobre interpretação vs otimização. Embora essa questão seja complicada, afinal, RPG é um jogo. Acho que como os elementos do gênero transportados para outras mídias sejam puramente mecânicos, é muito mais comum encontrar questões sobre "qual melhor build pra guerreiro?" do que "meu personagem deve ou não trair seus companheiros?".

Hoje em dia é difícil ligar o vídeo game e não ver pelo menos um sistema de nível ou dano por números nos maiores lançamentos. Mas o que faz com que o RPG de mesa se diferencie dessas mídias, não são suas mecânicas, são duas coisas que elas não cobrem: criatividade e interpretação. Hoje vamos falar de interpretação.

Quando começamos a jogar, é muito comum  seguir o pensamento: "o que eu faria nessa situação?". Embora seja bem interessante para poder se destravar e viver a experiência do jogo, ele é um pensamento falho num sentido amplo. Mesmo tentando levar seu personagem como o de um Izekay típico - aqueles animes que o personagem do mundo real vai para um mundo fantástico - você acaba vivenciando o jogo de um ponto de vista distante, sua visão não é de alguém daquele mundo, mas de alguém que sabe que joga e efetivamente quer conseguir o máximo possível da experiência. Quer upar, não quer falhar, etc. O típico metajogo ruim (existe o metajogo bom, mas não estamos falando disso hoje).


Depois de pesquisar um pouco e ler os comentários do vídeo acima, pensei que existem diferenças bem profundas relacionadas a qual sistema você está jogando e com quem você está jogando. Que vou comparar com os tipos de narrativa épicas e psicológicas.

Nas narrativas épicas, os heróis são destinados e infalíveis. São poderosos, exemplos de pessoas e levados para as situações por coincidências do destino. O papel desse herói não é evoluir internamente, ele já é evoluído, é evoluir externamente. Vencer desafios e superar grandes dificuldades através de seu senso mortal/ético. Senhor dos Anéis seria um bom exemplo aqui.

Nas narrativas psicológicas, que ficaram populares com o crescimento do estudo da psicologia, acompanhamos heróis em primeira pessoa, entendo suas motivações, suas dúvidas e questões. Mesmo que tenham grandes feitos, sua vitória é sobre seus próprios defeitos e sua mudança é interna. O filme do Pantera Negra é um bom exemplo disso - meus pêsames ao Chadwick Boseman.

Os exemplos acima te fizeram lembrar de alguma aventura ou campanha que já jogou? A intenção aqui é deixar uma reflexão, vou aproveitar para ser um pouco mais linear apenas numas dicas que resolvi separar abaixo para ajudar a ganhar esse contorno de interpretação na sua mesa.

Como o mestre pode influenciar interpretação:
  • Evitar as opções bestas de jogos, como: "você ajuda essa pessoa ou taca fogo na casa dela?" trabalhe com mais nuances.
  • Abrace as decisões dos jogadores para o bem e para o mal.
  • Faça com que seus NPCs façam perguntas aos personagens não ligadas diretamente ao próximo objetivo.
  • Valorize os momentos fora das aventuras, como trabalho, comemorações etc. Durante o jogo.
  • Force as fraquezas de interpretação dos personagens, isso pode criar reações muito boas. Mas tente não pegar no pé de um jogador só.

Como o jogador pode interpretar mais:
  • Faça uma lista de expressões do seu personagem outra de segredos/fraquezas.
  • Jogue com algo diferente de você. Sexualidade, gênero, aparência, preferências, estilo de vida, etc.
  • Ache motivações para o seu personagem estar sempre em movimento.
  • Experimente tentar ficar uma sessão inteira sem comprar uma briga sequer.
Quais as questões que essa postagem te trouxe? Não deixem de compartilhar!
 
Abraços ou beijos

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