quarta-feira, 10 de julho de 2019

Bem-Vindo à Tormenta - Capítulo 2 - Seguindo em Frente


Saudações leitores!
Seguindo com as peripércias dos aventureiros do COCAR, volto aqui para contar a segunda aventura da mesa de introdução ao Tormenta RPG que estamos jogando no coletivo. Esta aventura foi organizada em uma estrutura não linear, abrindo vários caminhos para o grupo seguir; foi jogada em duas sessões na qual uma grande reviravolta fez o grupo tomar uma decisão marcante para a mesa.

Aventureiros:

Rafael - Adão (goblin ladino 1, CN): baloeiro, viajado e cheio das malandragens, Adão nunca revela sua origem, contando uma história diferente cada vez que se apresenta.

Philipe - Tauren de Mirrah (minotauro bárbaro 1, NB): descendente de uma linhagem de bravos guerreiros em Tapista, peregrina pelo Reinado como aventureiro para a fim de levar os princípios de Tauron (proteger os mais fracos), conhecer o mundo, se tornar mais forte e retornar para casa e honrar sua família. O que lhe sobra em força e astúcia, falta em inteligência.

Tiago - Hugo Hill (halfling swashbuckler 1, NB): nascido em Hongadi, na Colina dos Bons Halflings, foi capturado por escravistas e vendido como escravo no Império de Tauron. Conseguiu sua liberdade e decidiu virar aventureiro para que nunca mais ninguém o aprisione.

Victor - Bishop Morrison (anão clérigo 1, NB): teve uma visão onde encontrou com Thyatis, acordou sem memória sobre seu passado e com o símbolo sagrado pendurado em seu peito. Segue como aventureiro sabendo em seu íntimo ser esta a vontade de seu deus.

Bernardo - Dhagakar (minotauro bárbaro 1, N): este minotauro grandão nascido nas tribos bárbaras da União Púrpura, perdeu sua família quando Crânio Negro, os batalhões infectados pela Tormenta, marcharam por seu reino. Adorou a vida de aventureiro para um dia conseguir combater a Tormenta.

Amanda - Malad (qareen feiticeira 1, NB): nascida na tribo Sar-Allan, no Deserto da Perdição, seguiu a vida de aventureira para conhecer o mundo. Sua afinidade com o elemento luz lhe concedem magias de cura, uma das poucas arcanas capazes de curar acabou sendo valorizada entre aventureiros.

Marcos - Lemoniel (elfo swashbuckler 1, CN): banido de Lenórienn por se envolver com a criminalidade, foi parar no Reinado onde viveu por décadas, não presenciando a queda da nação élfica. Atualmente reside em Gorendill há alguns anos, vivendo e "trabalhando" nas ruas.

Sem mais delongas, avante!





Capítulo II - Seguindo em Frente

Subindo para as ruas de Gorendill, os aventureiros decidiram continuar a procurar a elfa misteriosa mencionada pelos goblins. Sem maiores pistas subiram por um boeiro nas imediações do mercado da cidade, onde iniciaram a busca de imediato. Perguntaram aqui e ali sobre a elfa misteriosa mas não obtiveram pistas, ninguém na cidade jamais havia sequer ouvido falar sobre elfos de pele cinzenta e cabelos prateados. Encontraram um vendedor de frutas locais, as famosas frutas de Gorendill que deixavam quem comia enebriado como se tivessem bebido muito na taverna. Adão já quis comprar uma das frutas, conseguindo um bom desconto por ter sido reconhecido como um dos heróis que salvou as cabras da região de serem devoradas pelo filhote de dragão branco. Ao final da negociação o comerciante disse ao grupo que nunca tinha ouvido falar de elfos assim, mas que um elfo havia passado mais cedo por ali e poderia ser encontrado na taverna do Biggorn.


Taverna em Gorendill
Na taverna do Biggorn os aventureiros encontraram o taverneiro, o próprio Biggorn, o único minotauro que vivia por estas bandas, principalmente após as Guerras Táuricas. Os rumores diziam que Biggorn era um canibal e devorava os bêbados locais, boatos preconceituosos que eram facilmente contestados pelo próprio: "Se eu devorasse os clientes não teria tantos, não é mesmo?". Tauren e Dhagakar sentiram-se entusiasmados ao encontrar um irmão de raça. Hugo e Adão tentaram se enturmar enquanto Bishop se mantinha de canto com semblante transbordando de mau humor. Ao ser perguntado Biggorn disse aos aventureiros que o único elfo que conhecia estava na mesa mais ao canto. O grupo chamou atenção de todos na taverna, a fama de caçadores de dragão havia se espalhado pela cidade e eles acabaram caindo nas graças do povo; Biggorn deu uma rodada de bebida grátis para todos em comemoração, após ter ficado feliz em poder ver de perto a cabeça do filhote. Enquanto Dhagakar ficou conversando com Biggorn, Tauren foi até o elfo que estava mais afastado. Desta forma Lemoniel foi abordado pelo minotauro que queria saber sobre os elfos exóticos. Após uma breve conversa o grupo ficou sabendo tudo que Lemoniel sabia sobre os elfos de pele cinzenta: nada. Curiosos com o grupo e sedentos por aventura a jovem Malad e o elfo Lemoniel decidiram se unir ao grupo na caçada destes elfos exóticos. O grupo decidiu dormir em uma estalagem indicada por Biggorn, escolheram quartos separados para se recuperar. Tauren decidiu dormir com a cabeça do filhote de dragão, caiu em um sono pesado (falhando nos testes de Percepção) e quando acordou a cabeça havia sido roubada.

Logo nas primeiras horas do dia o grupo já se investigava o novo golpe que sofreram. Os personagens trabalharam juntos e conseguiram detectar pistas sutis que lhes contavam a história de como o ladrão entrou pela janela do quarto, roubou a cabeça, saiu pela mesma janela e ganhou a rua, andando um quarteirão até entrar em um boeiro. Seguindo os rastros o grupo voltou aos esgotos de Gorendill.

Comentários:
  • Queria usar referências a partes antigas e meio esquecidas de Tormenta, decidi apresentar aos jogadores a cidade de Gorendill, nascida nas antigas páginas da revista Tormenta. Não podia deixar as famosas frutas locais e o inusitado taverneiro Biggorn de fora.
  • Além de apresentar um pouco do cenário, essa primeira parte serviu para que os jogadores escolhessem os rumos que seus personagens seguiriam na aventura. Voltar para as ruas da cidade carregando a cabeça do filhote e planejando investigar a elfa misteriosa definiu um curso de ações que os colocaria em uma nova aventura: o roubo da cabeça.
  • Philipe facilitou a inclusão do personagem do Marcos na aventura. Amanda tratou de se incluir na história fazendo a Malad buscar um grupo de aventureiros para se juntar. Jogadores proativos.
  • A investigação que colocou o grupo na pista do ladrão foi decidida com um desafio de perícia na qual todos tiveram a oportunidade de colaborar, cada um com suas especialidades.

Através dos esgotos de Gorendill o grupo seguiu o ladrão por seus rastros sutis que ficavam mais raros a cada galeria. Uma tarefa que beirava o impossível. Não demorou muito até que os aventureiros perdessem os rastros. Vasculhando às cegas as galerias do esgoto no que parecia um caminho sem fim, os aventureiros acabaram topando com uma patrulha élfica: seis elfos de pele cinzenta, armados e hostis, carregando consigo um lobo-das-cavernas de guarda. De imediato os elfos sombrios precipitaram contra os aventureiros iniciando um combate.

Patrulha élfica, um desafio à altura dos heróis.
O corredor estreito da galeria não combinava com a largura do porte grande de Dhagakar, que se posicionava a frente do grupo. Tauren passou por Dhagakar assumindo a vanguarda junto com seu irmão de raça. Cinco elfos sombrios formaram uma linha, lado-a-lado, fazendo frente ao grupo de aventureiros enquanto um deles se mantinha mais atrás gritando ordens em um idioma desconhecido; o lobo-das-cavernas foi atiçado contra os Tauren, sua mordida feroz derrubou o minotauro levando-o ao chão. Atrás do grupo Lemoniel tentava obter visão para disparar suas flechas contra os elfos sombrios, mas a largura de Dhagakar impedia uma boa mira. Mesmo sem uma visão clara do alvo, Lemoniel disparou sem sucesso contra os inimigos. Adão se moveu furtivamente, passou por Dhagakar e Tauren, saindo do corredor apertado e ganhando mais espaço na galeria à frente. Melhor posicionado contra os elfos sombrios, brandiu suas lâminas em ataques furtivos, atingindo em cheio um elfo desprevenido. Bishop segurou seu símbolo sagrado e fez suas orações pedindo as bênçãos de Thyatis, o Deus atendeu às preces de seu clérigo e abençoou o grupo de heróis. Os elfos patrulheiros brandiam suas espadas curtas contra os heróis, focando seus ataques no grande Dhagakar e o caído Tauren. As lâminas encontravam a carne dos dois minotauros, causando várias perfurações. Malad, logo atrás dos combatentes, usava suas magias para curar Dhagakar enquanto Hugo tentava usar sua funda para apedrejar os elfos, sem sucesso.

De pé, Tauren concentrou seus ataques no lobo-das-cavernas, enquanto tentava se proteger das lâminas dos elfos sombrios. Dhagakar usava seu machado grande para alcançar o elfo que mantinha o lobo-das-cavernas na coleira. O golpe acertou em cheio, partindo o elfo ao meio. Bishop orou novamente a Thyatis, rogando que seu Deus abençoasse sua maça. De imediato o brilho de Thyatis banhou a maça do anão. Vendo a força de Dhagakar, os elfos concentraram seus ataques nele, brandindo suas lâminas para perfurar o grosso couro táurico. O grandão sofreu sérios danos, as lâminas perfuraram órgãos vitais, seria seu fim se as magias de Malad, a qareen da luz, não o tivessem regenerado seus ferimentos. Tauden ainda tentava acertar o lobo-das-cavernas com seu machado poderoso, o couro do animal era grosso, mas a força de Tauren honrava seu criador fazendo o lobo-das-cavernas sofrer sérios ferimentos. O animal não suportou a lâmina do minotauro e caiu em batalha. Adão, agora não mais furtivo, acertou novamente o elfo à sua frente, recebendo duas estocadas em resposta, golpes que fizeram o sangue goblin jorrar. Dois elfos combinaram seus ataques contra Tauren em resposta ao assassinato do lobo-das-cavernas, as lâminas encontraram a carne do minotauro sem grandes dificuldades, fazendo-o cair inconsciente. Enquanto a escaramuça acontecia mais à frente, Hugo e Lemoniel buscavam sem encontrar uma mira melhor contra os elfos, tendo suas visões obstruídas pelos próprios companheiros. Pedras e flechas voavam em direção aos elfos sombrios sem acertar os alvos.

Dhagakar golpeava furiosamente os elfos à sua fente, seu machado encontrou um dos patrulheiros cortando-o ao meio. "Menos um elfo", gritou o minotauro. Malad tocou o ombro de Tauren, caído e inconsciente, e conjurou sua magia de cura para erguer o companheiro. Se recuperando rapidamente, Tauren girou seu machado e arrancou a cabeça do elfo à sua frente. Munido das bênçãos de Thyatis, Bishop passou por Dhagakar, brandiu sua maça encontrando a cabeça de um elfo sombrio. A força do golpe desmaiou o patrulheiro. Vendo que seus subordinados estavam perdendo a briga, o elfo sombrio que liderava a patrulha abandonou o posto e correu para salvar a própria vida. Tauren não perdeu tempo investindo contra o elfo fujão. Seu machado encontrou a coluna do elfo em um golpe arrasador. O elfo caiu morto. Desesperado e sem companheiros, o patrulheiro que sobrou deu o seu melhor para vingar seus companheiros e castigar seus inimigos. "A Grande Aranha não terá misericórdia, vocês serão aniquilados!", gritou o elfo antes de fincar suas lâminas no abdômen de Dhagakar, que caiu devido aos ferimentos. Ainda que muito ferido, Adão se moveu rápido e acertou o elfo, enterrando sua adaga nas costelas do patrulheiro. Bishop não perdeu a oportunidade e golpeou o elfo na cabeça, com sua maça. O patrulheiro caiu morto.

Os aventureiros estavam muito feridos, alguns não tinham condições de continuar as buscas. A feiticeira Malad havia esgotado seus poderes mágicos conjurando magias de cura para manter seus aliados de pé. Sem recursos disponíveis o grupo decidiu recuar para as ruas de Gorendill e se recuperar antes de seguir a busca pelo ladrão.

Comentário:

  • A batalha foi fruto de um encontro aleatório, um encontro difícil para um grupo iniciante. A dificuldade se tornou ainda maior por causa das escolhas dos jogadores. Nenhum dos combatentes usou manobras de combate para empurrar, derrubar ou atropelar os elfos e ganhar espaço na galeria mais ampla; eles não fizeram nada para vencer o desafio do terreno e ficaram encurralados no corredor estreito que ligava uma galeria a outra.
  • Por causa das condições do terreno, Marcos e Tiago não puderam fazer muito, tentaram atacar à distância mas a penalidade de -4 (por causa dos aliados obstruindo a visão) dificultou muito o jogo deles. Nenhum dos dois pensou em dar a volta por outra galeria e cercar os inimigos.
  • O combate durou a maior parte da sessão de jogo. Depois deste encontro encerramos a sessão e continuamos outro dia. Na sessão seguinte o Rafael não pode comparecer, então Adão não participou do restante da aventura.
No mercado de Gorendill heróis tem desconto.
Feridos e sem magias à disposição, os aventureiros voltaram para as ruas de Gorendill. Adão, o jovem goblin, ainda estava muito ferido, assustado por ter visto a morte de perto, e decidiu não seguir com seus companheiros, retornando para cuidar de seu balão. Bishop e Malad conduziram o grupo até um empório e usaram os últimos tibares para comprar poções, bálsamos e elixires. O comerciante reconheceu os heróis que haviam matado um dragão branco e deu um bom desconto nas compras. Os itens ajudaram na recuperação do grupo, mesmo não sendo o suficiente para recuperar toda a vida e o poder dos heróis.

Já em condições de retornar, os aventureiros decidiram continuar as buscas pelo ladrão. Nos esgotos o grupo seguiu até a galeria onde derrotaram a patrulha élfica e dali avançaram pelo corredor que o líder dos patrulheiros havia escolhido para tentar fugir. Seguindo em frente os aventureiros caminharam por alguns minutos até encontrar uma galeria diferente das demais, sem caminhos para todas as direções, uma das paredes estava quebrada revelando uma fenda que dava passagem para uma caverna. Para chegar perto da fenda era necessário passar por um estreito corredor. O ímpeto de recuperar o tempo perdido e alcançar o ladrão fez o grupo seguir direto. Dhagakar à frente do grupo não se deu conta que havia pisado em uma pedra falsa, um mecanismo que fez o chão abrir sob seus pés revelando uma armadilha. O minotauro caiu em um fosso com cerca de 6m de profundidade, cheio de cascavéis que logo o atacaram aos montes. Paralisado de medo e pela queda o minotauro grandão pedia por socorro. Vendo seu irmão de raça em apuros Tauren gritou uma ideia para o grupo: "Fogo! Fogo afasta as cobras!" Bishop pegou uma tocha em seus equipamentos e acendeu, passou para Hugo que a amarrou em uma corda e, em uma manobra acrobática, desceu a tocha pela corda até o fosso. Se não fosse a perícia do halfling com as cordas a manobra não seria possível. O fogo afastou as cascavéis, mas não o suficiente para tirar todas de cima de Dhagakar. Malad usou seus raios de fogo para atingir algumas cobras enquanto Bishop acendia outra tocha e arremessava para Dhagakar. Tauren não agiu para salvar o companheiro, o medo de altura falou mais alto. Lemoniel também acendeu uma tocha e desceu no fosso, ajudando a queimar e espantar as cascavéis. Em uma ação conjunta o grupo conseguiu libertar Dhagakar das cobras. Ferido e envenenado o minotauro grandão precisou ser tratado por Bishop para ser capaz de seguir em frente.

Os aventureiros conseguiram passar pelo fosso, voltar para o nível do chão e seguir até a fenda na parede. Dali em diante o grupo não estaria mais nos esgotos da cidade e sim o subterrâneo de Deheon. Hesitantes e sem pistas melhores os aventureiros seguiram caverna à dentro. O piso possuía uma inclinação acentuada para baixo, como uma rampa irregular e perigosa. O espaço era mais amplo e o fedor bem menor. Havia uma corda, velha e gasta, amarrada em uma reentrância no teto da caverna, provavelmente por onde os elfos sombrios subiam. Os aventureiros desceram pela rampa usando a corda, nem todos conseguiram descer sem ferimentos. Pontas de pedras afiadas e cortantes por todo lado feriam quem descia sem muita cautela, assim alguns membros do grupo chegaram na caverna com cortes e ferimentos menores.

O subterrâneo de Arton, capaz de abrigar civilizações inteiras.
No nível inferior, os aventureiros se depararam com um enorme bolsão escavado nas rochas, uma formação natural. Apesar de não ter nenhuma fonte de iluminação externa neste subnível, vários cogumelos fluorecentes em cores variadas garantiam alguma iluminação na caverna, o suficiente para transformar o breu em penumbra. A caverna era ampla, completamente diferente do aperto dos esgotos. O grupo se uniu para procurar um caminho a seguir, qualquer rastro ou pista, por menor que fosse, que indicasse uma direção. Bishop e Tauren perceberam algumas pegadas e conduziram o grupo por um túnel mais estreito, enquanto Hugo e Lemoniel se apropriavam de alguns cogumelos com a intenção de vender por um valor exorbitante na superfície.

Presa Furada, o líder da patrulha.
Seguir o túnel levou os aventureiros ao encontro de outra patrulha, desta vez não eram elfos sombrios, mas orcs, armados e pintados para a guerra, que patrulhavam as cavernas. Os aventureiros, ainda marcados pelas dificuldades do último encontro, decidiram usar de diplomacia ao invés de iniciar um combate. Bishop e Tauren falaram pelo grupo dizendo, em valkar, que não queriam briga e estavam procurando por elfos exóticos de pele cinzenta. A brutalidade dos dois minotauros e a intolerância do anão, apesar das diferenças entre as raças, causaram alguma familiaridade aos orcs, ainda mais com a rivalidade contra os elfos estranhos. O orc que liderava a patrulha aceitou o diálogo abaixando as lâminas, enquanto os demais patrulheiros embrutecidos mantinham as armas em punho. Ele se apresentou como Presa Furada e respondeu ao grupo em valkar dizendo que também estavam atrás destes elfos diferentes. A vila de seu clã havia sido atacada algumas vezes, irmãos e irmãs assassinados ou escravizados, alimento fora roubado, tudo obra dos elfos estranhos que apareceram por estas bandas no último ciclo. Presa Furada e alguns dos guerreiros da tribo estavam patrulhando as fronteiras do clã para exterminar estes elfos. Dhagakar, Tauren, Malad e Bishop garantiram a Presa Furada que eles também tinham contas a acertar com estes elfos sombrios. Presa Furada sentiu confiança nos aventureiros e garantiu a eles passagem segura, pareciam guerreiros honrados. Um pequeno acordo improvável fruto de um inimigo em comum.

Não demorou muito até que Lemoniel e Hugo se juntassem aos companheiros com vários cogumelos fluorecentes, uma pequena fortuna se vendidos para os compradores certos. Com o grupo unido novamente as buscas continuaram pelo subterrâneo, os bárbaros e o anão guiavam o grupo enquanto todos mantinham cautela e vigilância. Após mais uma hora de buscas os aventureiros finalmente encontraram uma construção de porte médio erguida em meio a um campo aberto. Solitária na região, a construção tinha portes de um pequeno templo ou similar, sem janelas e projetada para cima. Sobre a única porta a estrela de Tenebra esculpida em pedra, com a figura de uma grande aranha ocupando o centro do símbolo. O local parecia desguarnecido.

Eclavdra, sacerdotisa da Aranha-Rainha.
Os aventureiros se aproximaram com cautela da grande porta dupla de madeira. Dhagakar ergueu seu machado grande grande e golpeou, quebrando as dobradiças e fazendo a porta cair. O barulho foi inevitável impedindo uma entrada furtiva. No interior da nave central havia um salão amplo com poucas mobílias: uma grandiosa e vívida Aranha-Rainha retratada em pedra guardava o trono da sacerdotisa. Há alguns metros o altar de madeira pesado preparado para o ritual, com a cabeça do filhote de dragão branco no centro, lugar de oferenda. Entre o altar e a porta doze elfos e elfas sombrios, armados e uniformizados com armaduras da patrulha, acompanhados de um lobo-das-cavernas preso na coleira, se viraram para conferir o barulho. Sentada em seu trono a sacerdotisa, figura altiva e destacada por suas vestes decotadas, lançava um olhar furioso para os intrusos que ousavam interromper seu ritual.

Assustados e indecisos, os aventureiros foram pegos de surpresa, não esperavam encontrar tantos inimigos em uma cena tão ameaçadora. O imprudente Dhagakar ensaiou entrar na nave central do templo mas foi chamado de volta por seus companheiros amedrontados. Um sorriso sarcástico começava a aparecer em meio a fúria no rosto da sacerdotisa. Hugo se virou para Malad e fez um desejo para a qareen: "Eu desejo que a porta seja concertada!". Malad ergueu as mãos, suas tatuagens brilharam com uma luz branca e pura, e as dobradiças foram concertadas. Tão logo a porta estava novamente no lugar. Enquanto a magia acontecia, os elfos sombrios gargalhavam de seus oponentes. "Frouxos! Todos frouxos!", gritava a sacerdotisa, em alto e bom valkar, acompanhada pelas gargalhadas de escárnio de seus subordinados. "Vocês não são heróis, não são aventureiros, são frouxos! Frouxos!", gritava e gargalhava a sacerdotisa. O grupo de elfos sombrios gritava em couro "Frouxos! Frouxos!". O orgulho dos minotauros havia sido ferido, eles queriam entrar no templo e mostrar aos elfos quem eram os frouxos na história toda, Malad também apoiava a investida, mas Bishop, Hugo e Lemoniel eram contra, achavam melhor recuar e conseguir ajuda. Por mais que Tauren quisesse entrar em combate para provar sua força, sabia dos perigos reais e apoiou os companheiros hesitantes. Bishop tentou usar de diplomacia contra a sacerdotisa e seus subordinados, gritou para dentro do templo "Não queremos briga, apenas nos entreguem a cabeça do filhote!", complementou Hugo: "Ou paguem por ela o que nos foi prometido.". Do outro lado o couro diminuiu para dar ouvidos às palavras dos aventureiros. A sacerdotisa respondeu: "Me chamo Eclavdra e honro meu nome. Não sei quem vocês são, mas com certeza são frouxos!" Novamente os elfos explodiram em gargalhadas e zombarias. "Se querem a cabeça, venham pegar!", desafiou a sacerdotisa. A diplomacia não iria funcionar aqui.

Sem muita certeza sobre o que fazer, os aventureiros lembraram da patrulha orc. Tauren, Hugo e Lemoniel decidiram buscar reforços com Presa Furada e seus guerreiros, enquanto Dhagakar, Malad e Bishop mantinham posição na porta do templo. A busca pelos orcs demorou mais tempo do que o grupo planejou, os aventureiros que ficaram para manter posição não aguentaram às provocações dos elfos e decidiram entrar em combate. Dhagakar abriu a porta e entrou no templo. Bishop fez suas preces conjurando a bênção de Thyatis sobre seus companheiros. Malad se manteve atrás dos companheiros, perto demais para conjurar suas magias de cura mas afastada o suficiente para não ser alvo de nenhum ataque. Quatro elfos sombrios avançaram contra os invasores, armados cada um com duas espadas curtas. O porte grande do minotauro chamou atenção fazendo os elfos focarem seus ataques contra Dhagakar, outros três elfos que ficaram mais atrás sacaram bestas de mão e dispararam contar o trio. A primeira onda de ataques causou alguns ferimentos no minotauro, Bishop ergueu o escudo e conseguiu se proteger dos virotes. Malad se manteve sob cobertura atrás do minotauro e não foi atingida. Dhakagar brandiu seu machado grande grande contra os elfos, mas tamanha agilidade e experiência em combate garantiu que nenhum golpe os acertassem. Bishop orou novamente a Thyatis para aprimorar sua arma, tão logo a maça do anão brilhou com o poder do deus-fênix. Malad concentrou seus poderes mágicos em manter Dhagakar vivo e em condições de lutar enquanto os companheiros não retornavam com reforços, suas tatuagens brilharam e a luz que saía de suas mãos fechava as feridas do minotauro. A segunda onda de ataques veio com mais força, as lâminas élficas encontraram a carne do minotauro e do anão sem distinção. Dhagakar urrou liberando sua fúria primal, golpeou um elfo com força, fazendo seu sangue jorrar ao lhe arrancar um braço. Bishop acertou em cheio o elfo a sua frente, quebrando alguns ossos. Malad novamente usou suas magias de cura para manter Dhagakar de pé.

Enquanto um combate mortal acontecia no templo, Lemoniel, Hugo e Tauren buscavam os orcs pelo subterrâneo. Encontrar Presa Furada não foi uma tarefa tão difícil, convencer os orcs a lutar contra os odiados elfos sombrios foi mais fácil ainda. O trio usou todos os recursos que tinham (jogadas de atletismo) para chegar rápido ao templo. Quando os reforços chegaram Dhagakar já estava com inúmeros ferimentos, mais do que as magias de Malad eram capazes de regenerar, Bishop acuado atrás de seu escudo, ambos protegendo a feiticeira. Os orcs se posicionaram entre o trio e os elfos, empurrando os elfos para trás. Uma linha se formou dentro da nave central do templo, dois grupos opostos mantinham uma dinâmica de forças que sustentava o fronte. Hugo e Lemoniel se posicionaram para atacar à distância enquanto Tauren se unia aos companheiros na linha de frente. Com a chegada dos orcs todos os elfos se envolveram no combate, o lobo-das-cavernas foi atiçado contra os invasores e Eclavdra saiu de seu trono e se pôs a conjurar suas magias profanas, protegida atrás de suas tropas. O poder da Aranha-Rainha foi sentido por todos quando Eclavdra conjurou perdição. Mesmo com o reforço dos orcs, os elfos sombrios anda atingiam em cheio o grupo de aventureiros, fintas, cortes, perfurações, virotes voando, lâminas contra a carne dos inimigos. Os aventureiros tentavam se proteger como possível e responder com golpes poderosos, mas a perdição da Aranha-Rainha foi mais poderosa e penalizou o grupo de heróis. Eclavdra não deu brecha, ergueu seu símbolo sagrado e conjurou magias de medo contra seus inimigos. O grupo ficou abalado e ainda mais enfraquecido. Os elfos sombrios dividiam seus golpes entre Dhagakar, Tauren e os orcs. Os elfos mais afastados disparavam contra os aventureiros mais atrás, visando Lemoniel, Hugo e Malad. Bishop parecia ser o único mais protegido dentre os aventureiros, apesar da perdição da Aranha-Rainha anular as bênçãos de Thyatis. Eclavdra se moveu avançando no campo de batalha, ficou logo atrás da linha élfica e rogou a Aranha-Rainha canalizando seu poder. A onda de energia negativa atingiu em cheio os inimigos na linha de frente. Os orcs caíram queimados pelo poder necrótico, junto com Tauren e Dhagakar. Com os combatentes caídos, Hugo soltou sua funda e sacou o florete, investindo contra os elfos, investiu para encontrar seu destino. Alvo de múltiplos ataques o pequeno Hugo caiu, morrendo pelas lâminas dos elfos sombrios. Com o símbolo sagrado nas mãos Eclavdra não perdeu tempo e lançou a última ameaça: "Rendam-se agora ou as almas de vocês irão decorar o covil da Aranha-Rainha!".

Com a morte do halfling e a queda dos principais combatentes, o grupo se viu obrigado a se render para os elfos sombrios. Capturados e mantidos como escravos, o destino dos aventureiros agora será desconhecido.

Fim do capítulo.


Comentários:

  • O pessoal teve uma excelente jogada de Diplomacia contra os orcs. O Victor jogou o dado e todos que estavam na cena puderam prestar ajuda. Presa Furada e seus guerreiros foram de inamistoso para amistoso em duas jogadas, mesmo com a penalidade de -2 por causa das diferenças históricas entre minotauros e anões contra orcs.
  • O Bernardo não hesitou em quebrar a porta e entrar com tudo, mas conforme eu ia montando o cenário e colocando as miniaturas no grid os jogadores ficavam mais desesperados. Nem precisei caprichar na narração para colocar medo no pessoal. Foi hilário quando usaram o desejo da qareen para reconstruir a porta, todos riram muito na mesa. Tive que recompensar o Tiago com um ponto de ação.
  • O grupo ficou realmente dividido, alguns queriam voltar para pedir ajuda aos orcs, outros queriam entrar na investida e lutar contra os elfos sombrios. A divisão afetou seriamente o grupo, se todos tivessem seguido um único caminho talvez não tivessem sido derrotados.
  • A busca pela patrulha orc foi decidida em um desafio de perícias. Entre os turnos do combate os jogadores que não estavam participando jogavam os testes de Sobrevivência, Percepção e Diplomacia (para convencer os orcs). Apesar de demorado não foi difícil trazer reforços. Quando os orcs chegaram para ajudar, contaram como aliados fornecendo CA +1 para cada aventureiro.
  • Apenas um personagem morreu, de fato, mas o grupo se sentiu derrotado. Dei a opção de continuarmos essa mesma linha da história, apenas o Tiago iria fazer outro personagem, ou o grupo (com um clérigo de Thyatis)  poderia tentar buscar a ressurreição de Hugo, mas o pessoal preferiu começar a campanha do zero com novos personagens.

Uma parte do templo da Aranha-Rainha.
Os jogadores realmente se assustam por pouco.

A campanha vai continuar e novas aventuras vão acontecer. Será que o grupo novo vai encontrar com os personagens derrotados do grupo antigo? Só Nimb pra dizer.




Curte Tormenta RPG e também quer jogar?
Episódio Anterior:
Capítulo 1 - Ouro de Tolo

Não conhece o COCAREntão chega mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer forma de agressão, ofensas, desrespeito, discussões, preconceito racial, sexual, religioso ou ético, será banido. Somos jogadores de RPG, e não de futebol... E se você é Troll eu sou Elfo (Away)