segunda-feira, 6 de maio de 2013

Usando o Sistema a seu Favor

Cena cada vez menos comum numa mesa de jogo
Hoje vou bater um papo com os mestres que acompanham o nosso blog, vou aproveitar para falar sobre os sistemas de jogo e do que gosto, além de dar algumas dicas de como zoar os seus jogadores (sem mimimi aqui, ouviu?). Vamos lá!

É cada vez mais comum ver mestres reclamando de sistemas mais gamístas - para quem não sabe, esse é um termo que surgiu para definir aqueles sistemas cheios de opções para fazer seu personagem forte, como o D&D, Tormenta, etc. - e se apaixonando pela ideia de jogos oldschool ou aqueles sistemas narrativistas (isso me inclui), mas por quê?

Eu vejo muitos jogadores que se importam apenas em ficar poderosos, ignorando cenas de interpretação ou simplesmente forçando uma morte desnecessária quando o seu personagem não está forte o suficiente (quem lê o diário de campanha do Tormenta deve ter percebido), esse tipo de situação acontece ainda mais com aqueles jogadores que leem pouco, acabando tendo dificuldade em se ver num mundo ficcional coeso, ao invés de uma partida de Dota.

O dano da lança é mais importante que o personagem
O grande problema é que os mestres escrevem suas aventuras, ou improvisam, com o objetivo de deixar o jogo mais movimentado. É extremamente broxante quando os jogadores só fazem merda... Mas vou dar uma dica, um pulo do gato pra vocês.

Você não deve reclamar de ter vários super heróis medievais na sua mesa se o sistema que você joga é focado nesse tipo de situação, mas você pode aproveitar isso na história da campanha. Os personagens serão vistos como lendas e pessoas temíveis (mesmo aqueles bons), mas todo herói e todo combo tem seu ponto fraco, explore isso. Por exemplo: Um famoso espadachim vai ser evitado em combate próximo, muitos arqueiros vão esperar pelo seu ataque; assim como um arqueiro pode ser pego de surpresa por um adversário furtivo, ou ter seu arco quebrado; um mago pode ser atacado com venenos; curandeiros vão ser atacados ou capturados rapidamente, a imaginação é o limite.

Dano não é a única maneira de se lutar, sistemas como o tormenta possuem manobras, magias que podem matar automaticamente, magias que deixam cego, surdo, fazem o inimigo desaparecer, entre outros detalhes que dificultam e muito o jogo. Se você quer mestrar um sistema que se foca em combos, saiba fazer combos melhores que todos, deixe o jogo divertido, mas desafie os jogadores sempre.

Chefes que adicionam história e dificuldade pra sua campanha
Se o grupo é poderoso demais pro próprio nível, use inimigos mais poderosos. Se ataques de lança e espada são o foco do grupo, coloque-os contra um fantasma. O personagem usa armadura, faça-o (tentar) nadar. As condições nos romances, quadrinhos, filmes e seriados nem sempre é favorável aos heróis, mas eles aprendem que é preciso ser astuto para sobreviver aos perigos de uma vida de aventuras, deixe seus jogadores sentir isso na sua mesa.

Uma dica preciosa para qualquer mestre é não leia apenas aquele sistema. Aventuras de AD&D são um exemplo de dificuldade sem precisar de dano, um desafio para a mente dos jogadores, procure quebra cabeças, leia os livros do mestre de todos os sistemas que puder, isso só vai adicionar mais a seu repertório de ideias. Procure alguns módulos e aventuras individuais (procura lá no Forja RPG), aprenda a conduzir cenas onde bater não resolve, situações diplomáticas, acordos, um monstro entalado num corredor, perigos ambientais, tudo que os bons livros me ensinaram.

Ai sim, quando depois de ter uma arma quebrada, fugir de inimigos poderosos demais, ser cautelosos... Os jogadores vão passar a levar o mundo de jogo a sério e vão achar aquele combate no fim da aventura muito mais compensador.

Abraços ou beijos

8 comentários:

  1. Legal, principalmente as últimas dicas, sobre desafios que não podem ser resolvidos simplesmente com regras e dados.

    Quanto a estudar o sistema para fazer combos ainda mais fortes que os jogadores, eu entendo que isso é possível, mas eu não tenho saco para isso. Prefiro investir meu tempo pensando em situações interessantes, NPCs únicos, monstros com histórias fascinantes e outras coisas. O tempo que eu gastaria montando combos seria tempo que eu não investiria criando aventuras mais interessantes. Mas para quem tiver tempo, é uma solução, certamente, só tomar cuidado para os jogadores não acharem que você está perseguindo eles.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Diogo, valeu pelo seu comentário. A questão dos combos é uma piada lá da mesa, pq no Tormenta é dificil ter um combate memorável, sem um inimigo tão único como os jogadores.

      é sempre bom fazer desafios por fora mesmo, inclusive, usei uma charada que você postou no Pontos de XP numa aventura por skype que mestrei. Foi de muita ajuda, pena que um jogador resolveu sozinho em pouco tempo :/ haha

      Abç e valeu por ler

      Excluir
  2. Mais uma excelente matéria. Continue com o ótimo trabalho. Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu pelo comentário, Aaron. Continue acompanhando e dando sua opinião, espero que ajude na sua mesa.

      Abç

      Excluir
  3. Dicas incríveis, estava mesmo precisando de algo assim pra minha mesa! Obrigado, Pedro o/

    ResponderExcluir

Qualquer forma de agressão, ofensas, desrespeito, discussões, preconceito racial, sexual, religioso ou ético, será banido. Somos jogadores de RPG, e não de futebol... E se você é Troll eu sou Elfo (Away)