quinta-feira, 6 de março de 2014

Diário de Campanha Ravenloft - Episódio 1: Bem-Vindo à Terra das Brumas


Meus queridos, estavam com saudade desse tipo de post, não é? Atualmente mestro duas campanhas de tom e tipos bem diferentes, a minha campanha de Ravenloft (a qual será tratada neste post) e a campanha de Darksun que rendeu uma puta adaptação de conceitos aqui no blog. A campanha de Ravenloft começou no nível 1 e vem se estendendo por alguns meses, a ideia é fazer algo bem clássico com tons de grande dificuldade e situações que deixam os jogadores perdidos, até agora estou conseguindo.

O post de hoje vai ser um diário da primeira aventura, além de um comentário geral sobre como mestrar no cenário ou usar certas situações para caracterizar o seu jogo. Vou falar também da criação de personagens e dos livros, jogos e ilustrações que tenho usado de inspiração para montar a minha campanha. Boa leitura!

O Grupo

Gustavo - Arcoverde, Meio-dríade Druida 1 NB: Druida de grande ligação com as plantas, capaz de moldar a madeira como barro e usá-la como bem quiser. Vivia numa terra de grandes florestas onde criaturas possuíam poderes além do comum e eram treinadas para lutar entre si. Tem um bulbassauro como companheiro animal.

Filipão - Baltric, Qareen Bardo 1 CB: Este jovem músico sempre teve grande dificuldade em escolher um instrumento de sua preferência, porém isso logo se resolveu quando se aventurou na terra das brumas. Sua herança qareen da terra o torna forte e belo, arrancando suspiros de todas as moças que o vem.

Pepé - Callahan, Humano Samurai 1 LN: Como a grande tradição de Tamu-ra (Arton) demanda, Callahan se tornou um samurai em missão para seu senhor feudal. Participando ativamente de missões de reconstrução da Ilha, o jovem se tornou um grande espadachim e segue seu código de honra onde quer que esteja.

Mateus - Ed, o faísca, Sprite Ladino 1 CN: Ed é um Nativo de Pondsmânia (Arton), uma fada macho de 30 cm que vivia de pequenos furtos e traquinagens. Para se divertir costumava mudar as coisas de lugar, mudar cores, estragar leite, dar nó em crina de cavalos, etc. Nunca para de brincar e é por muitos tachado de louco, mas e quem não é?

Mudo - Jarvan, Troglodita Guerreiro 1 LN: Um trog líder de uma tribo de caçadores que vivem numa região pantanosa e pré-histórica. Anda com escudo e sem armadura para aproveitar sua capacidade natural de se mesclar a ambientes como os melhores lagartos, nunca deixou de capturar uma presa.... Até agora.

Java - Liv, Medusa Barda 1 CN: Liv é uma medusa que usa suas cobras negras no cabelo como um dread, anda de calça jeans e um casaco de couro como armadura. Veio de um mundo onde a tecnologia é mais comum, onde já existem celulares e até carros, porém muitos monstros são incomuns. Sua capacidade de canto e de beleza a tornam uma sereia na terra, uma caçadora sedutora e perigosa.

Bora Ler!

Criação de Personagens
Qualquer personagem vale!
Começar uma campanha em um novo cenário exige alguns detalhes impostantes: Definir sistema, definir os personagens, ler coisa pra caralho e se inspirar. Aqui vou explicar o que fiz com cada um desses detalhes.
  • Definir Sistema: Sem dúvida nenhuma eu usaria o Tormenta RPG como sistema base, já que os jogadores (e eu) já estamos acostumados com ele. O XP que eu resolvi usar foi do Dungeon World, caso você não conheça eu recomendo que procure ler, porque ele foca na tendência do personagem e dá experiência por atitudes de verdadeiros heróis. Para completar, comprei o Domains of Dread que é um puta livrão de AD&D de Ravenloft que é um ótimo ponto para iniciar seu jogo (até melhor que o livro do 3.5).
  •  Definir os Personagens: Os personagens foram criados com 80 pts para distribuir, equilibrando todos e deixando-os ligeiramente mais fortes que o método de pontos, porém mais fracos do que minhas ultimas campanhas. Fiz isso para que eles se sentissem menos exército de um homem só e trabalhassem mais em equipe. Todas as raças do manual de raças e do blog (assim como de outros blogs) estavam disponíveis e todas as classes de qualquer sistema que achassem legais também, como todos seriam aventureiros vindos de outros planos seria interessante ve-los usando opções exóticas que não estão acostumados.
  • Ler Coisa pra Caralho: É aqui que vem o problema, além de ler os livros que citei dois itens acima, também procurei pela aventura Expedition to Castle Ravenloft e os livros do cenário para D&D 3.5. Blogs também foram úteis para ter inspiração para a campanha e seu tom, sugiro que procurem alguns posts sobre o assunto no Forja RPG.
  • Se inspirar: Ravenloft é um mundo de dark fantasy, ou seja, um mundo sujo e cheio de criaturas más. Suas aventuras sempre usam mortos vivos e criaturas medonhas, então procurei por jogos nesse estilo, como Dark souls, The Witcher e a série Castlevania. Filmes de vampiros, lobisomens e até a série Supernatural podem dar idéias. O importante é saber que seus personagens não são intocáveis.
Agora que já falei o blablabla básico vamos a aventura, qualquer comentário sobre o sistema ou cenário vai ser apresentado ao longo dos posts.

Despertar

Jarvan caçava uma presa na densa floresta; Ed preparava uma emboscada em mais uma de suas peripécias contra viajantes; Liv andava pelas ruas úmidas de asfalto de sua cidade; Callahan andava de armas em punho pela ilha de Tamu-ra; Arcoverde caminhava por sua região natural com seu animal e Baltric dormia em sua cama. De repente, uma densa névoa começou a se formar em todos esses lugares, não conseguiam enxergar mais de um metro a frente e tropeçaram em coisas que não deviam estar ali, despertaram numa floresta fria e úmida, com árvores de copas altas, ouvindo gritos em idiomas que não compreendiam e vendo vultos armados se aproximando.

A cena consistia num simples combate contra alguns Esqueletos humanos (2 para cada aventureiro) e um Esqueleto ogro próximo. A névoa aumentava a dificuldade do combate e dava um tom de mistério, todos os jogadores conseguiam se ouvir, mas não sabiam a distância entre si. Logo no começo Ed foi preso pelo esqueleto ogro, Jarvan conseguiu enxerga-lo e soltou um comentário simples: comida. Partindo para lutar contra o grandalhão. Baltric acordou com frio e viu que estava num lugar hostil, vestiu-se com seus equipamentos e usou um disco flutuante para tentar fugir de esqueletos. Arcoverde e seu animal se disfarçaram de arvores para passarem despercebidos, o resto do grupo lutou.

Narrei gritos de dor e e barulho de metal se chocando, inclusive quando o grupo fugia, algo mais estava ali. Lutaram e foram se encontrando, Arcoverde criou um tacape e partiu em investida contra o ogro que desafiava o trog, libertando o fada que usou um arco para tentar ferir a criatura. Em alguns minutos o combate estava acabado e a língua de todos parecia ser a mesma, como se o mundo quisesse que eles se comunicassem. E então se viram e se apresentaram e viram alguns corpos de outros aventureiros no chão, um golias e um Thri-kreen. Pegaram seus pertences e rumaram pela floresta para se proteger da chuva que vinha.

Comentários:
  • Começar com um combate já cria uma tensão inicial e uma identificação melhor com os personagens, principalmente num sistema gamísta como o TRPG. A aventura já começou com o grupo aprendendo do que são capazes.
  • Comecei a usar tesouro aleatório misturado com ideias próprias, muito bom para rolar aquelas coisas que eu nunca pensaria que poderiam aparecer. Para não ficar tão video game falei que parte do tesouro estava nos bolsos dos personagens, achei uma boa solução.
  • Os dois personagens mortos são referência ao grupo de Darksun de um one shot que mestrei, essa mesma aventura foi mestrada para o meu grupo do Skype. Futuramente postarei um diário sobre ela.
A Caverna

Uma forte tempestade se armava no céu, rapidamente o Druida Arcoverde se preparou para levar os novos companheiros a um lugar onde poderia protegê-los da chuva. Sua percepção da natureza o permitiu identificar certos padrões e pode concluir que a floresta parecia em constante movimento, algo errado não estava certo. Seguiram Ed para uma caverna com entrada baixa (personagens de tamanho normal tinham que abaixar para entrar), porém a fada já estava acostumada a voar e não conseguiu avisar a tempo a medusa e o bardo que caíram.

Baltric caiu com a medusa no colo e uma pose heróica, porém seu jeito bonachão não abriu seus olhos para o imenso urso negro que dormia ali que levantou com raiva. Uma mordida e duas garras, mais que o suficiente para arremessar o Qareen longe e faze-lo capotar. Os outros membros do grupo entraram e desceram o caminho de pedras com cuidado, começando um combate feroz com o urso.

Lutaram cercando o animal, tentando se espremer na caverna. Seus ataques naturais eram tão perigosos quanto armas e feriram muitos dos membros do grupo, o samurai foi agarrado e não conseguia usar sua katana contra a criatura, até que com um movimento ágil se desvencilhou e enfiou a espada em sua garganta. O urso caiu.

Conseguiram analisar o animal e ver que a criatura possuía um pelo valioso, suas cicatrizes indicavam que era um animal procurado na região e o corpo que acharam de um caçador os armou com um arco longo e algumas flechas bem úteis. Pararam ali por algumas horas até a chuva acabar e então continuaram seguindo em busca de algum vilarejo próximo.

Comentários:
  • Animais são ótimos inimigos para níveis mais baixos, surpreender o jogador com jacarés (ou crocodilos), tigres, leões, ursos, lobos é impagável e sempre pode ser resolvido de uma forma pacífica caso o grupo possua as habilidades certas.
  • O urso possuía um pelo especial que podia ser usado para fabricar um jibão de peles obra prima pela metade do preço, além de um capuz que dava +2 em testes de carisma na região, bom ou não?
Alcateia: Cena não Utilizada
 
Esta cena seria mais um encontro na floresta. Os lobos tentariam atacar furtivamente (+5 de bônus situacional), caso não fosse possível uivariam e desceriam uma colina investindo e até flanqueando os personagens. Lembre-se que lobos podem derrubar com um ataque bem sucedido e uma criatura com -4 de CA é alvo fácil para esses animais.

De tesouro o grupo encontraria um antigo acampamento de caçadores da região (ou o que você preferir) e tesouro do nível um.

A Igreja

A noite continuava, agora sem névoa e chuva, apenas umidade. Caminharam pela floresta até avistar um grande prédio de onde viam luzes, chegando a clareira o prédio se revelou uma igreja para algum deus local. Nos arredores haviam um cemitério onde duas pessoas caminhavam. Ao se aproximar o coveiro e o noviço que caminhavam se revelaram carniçais que atacaram o grupo e tiveram um combate curto e perigoso. Carregavam algumas moedas e um símbolo de ouro.

Se aproximaram das janelas e viram vários esqueletos sentados nas cadeiras da igreja, os assentos estavam em parte destruídos, como se um grande combate tivesse acontecido lá dentro. Ed voou e ouviu o choro de uma mulher vindo da torre, além de passos de um homem com uma armadura pesada e escudo mais pesado ainda. Ao avisar o grupo ouviu Baltric dizer "ve se eu vou entrar pra ajudar alguém que não conheço" então Callahan resolveu entrar sozinho para descobrir o que acontecia lá dentro.

O samurai entrou com cautela na igreja, Ed logo o seguiu, porém seu silêncio foi em vão. Assim que entraram os esqueletos começaram a seguir um ritual, como se estivessem num culto ao deus dali, um carniçal com roupas de clérigo se ergue de trás do altar e começou a entoar e gesticular, uma música cerimonial tocava e a imagem do senhor da manhã brilhava. Seu símbolo estava sem alguns pedaços, porém sua representação era exótica: um homem de pura luz com uma mancha de sangue no rosto.

Callahan nota que era melhor não incomodar os mortos-vivos e segue caminho para a torre, passando pela varanda onde a banda deveria estar tocando, mas apenas instrumentos e ossos quebrados juntam poeira. O segundo andar era uma espécie de varanda imensa que circulava a igreja, podendo ver dali todos os assentos e o altar com facilidade, no outro extremo da porta a varanda se alongava e abria espaço para uma escada de degraus de pedra que subia até a torre. Nessa hora o resto do grupo tomou coragem e entrou no lugar.

Comentários:
  • Baltric agiu fora de sua tendência e teve alguns problemas graças a isso depois, também tive uma conversa falando que ele devia ser mais heróico. Callahan sambou na cara do perigo e seguiu caminho sozinho pra dentro da igreja, rendeu muito XP e pontos de ação para ele.
  • A ideia das peças de ouro era unir e formar o símbolo da divindade, para assim poder abrir uma área secreta, porém esta parte não foi explorada por medo dos jogadores.
O Cavaleiro
Não é este equipamento que ele usa ahah

Callahan subiu as escadas até chegar ao topo da torre e circular um enorme sino de bronze. Seus esforços para salvar a donzela que chorava foram em vão, pois assim que avistou-a viu o cavaleiro desferir um golpe tão forte que a arremessou para fora da torre. O samurai tentou enfrentar o cavaleiro que de elmo aberto relevou-se um esqueleto, porém o escudo de corpo que ele usava bloqueava todos os ataques com facilidade.

O samurai desceu correndo levando um golpe mortal nas costas - usou um ponto de ação para se salvar - que milagrosamente o errou graças a um salto que o levou para a corda do sino que começou a tocar alto e ressoar por toda a região. Desceu a corda com dificuldade e quando chegou lá em baixo pôde ver seus companheiros com armas em punho.

Todos se prepararam para o combate, mas o cavaleiro esqueleto mostrou maestria com sua espada bastarda de lâmina negra e desferiu outro golpe no samurai que desmaiou na hora. Começaram a cercar o inimigo de defesa absoluta para desferir golpes obsoletos. Baltric perdeu seu machado que se desfez ante um golpe do vilão, outros foram feridos até que Ed teve uma ideia de gênio.

Voou até o povo da torre e usou o que podia para acabar com a corda que prendia o sino, o inimigo fora levado para o local exato e levou um poderoso golpe que nenhum escudo poderia impedir. Destruído com todo o seu equipamento (coitado do bardo que queria sua espada) não havia mais o que fazer ali.

Subiram a torre e viram que o corpo da mulher havia sumido, mas ela deixara uma mascará de ouro que logo foi colocada por Liv. Resolveram passar a noite ali.

Comentários:
  • Durante a noite rolei os testes de domínio, que são capazes de tornar um personagem de Ravenloft num deformado, ou até num monstro que foge do controle do jogador. Liv foi modificada por usar um item amaldiçoado e sua pele se tornou mais rígida (+2 na CA natural) porém ficou mais devagar (-1 des e -1,5 deslocamento).
  • O Chefe foi baseado num dos cavaleiros que encontramos bem no começo do Dark Souls que eram bem difíceis de acertar na época. Resolvi uni-los ao mundo de Ravenloft e já começar pegando pesado no chefe.
  •  O golpe de mestre do Mateus/Ed foi GENIAL e vai pra sempre ficar gravado na minha memória haha Boa fadinha!
O Subterrâneo: Cena não Utilizada 
Definindo uma cena: FUDEU
Após abrir a passagem secreta no altar o grupo chegaria a um laboratório que teria pistas sobre o que aconteceu naquele lugar e na região recentemente. Teriam acesso a uma carta (que hoje em dia já encontraram), além de tesouros úteis, como poções, elixires e granadas. O único problema é que a sala era guardada por QUATRO cavaleiros iguais ao chefe. Melhor não arriscar invadir não é?

Galeria de Imagens

Mascara encontrada pelo grupo

Então galera, o que acharam do novo diário de campanha? Sugestões? Críticas? Ideias de aventuras? Dúvidas? Comentem! A ideia é um post por mês e mais um post de chefe de fase com as fichas de criaturas, aliados e itens encontrados ao longo da aventura, o que acham?

Abraços ou beijos

11 comentários:

  1. Pô! Curti bastante! A sacada de aproveitar elementos de Dark Souls é interessante. Um jogo com uma pegada bem semelhante ao Ravenloft em certos termos...Acompanharei!

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    1. Po valeu ai Murderface, a idéia é usar uns bons elementos e unir a versão do cenário da minha mesa hahha Quem sabe não aparecem uns black knights no futuro? Continue acompanhando, abç

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  2. Ótimo post... O que mais gostei foram as dicas dadas neste diario.. com certeza será favoritado. Parabéns e continue o bom trabalho.

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    1. valeu Guszz, a idéia é fazer posts com mais dicas e com mais detalhes por trás do pano, como cenas não usadas, etc.

      Abç

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  3. Muito foda curto muito contos de rpg

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    1. Que bom, cara. Continue acompanhando pra dar uma força ahha abç

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  4. tem como cê postar as fichas dos personagens criados?

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  5. Olá, Pedro!
    Na época em que você mestrou Expedition to Castle Ravenloft, você adaptou todos os monstros para TRPG, além de ajustá-los para o nível 1 (pois a campanha original se iniciava no nível 6, né?)? Eita, deve ter dado um trabalho.

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